domingo, 30 de setembro de 2012

Mistérios de São Paulo

O cara quer ser presidente da república. Um desejo legítimo. A condução do que é pra o que quer ser faz toda diferença. A disputa seria contra um notório perdedor. Não tinha como dar errado. Era o dono de todas as qualidades e seu adversário de todos os defeitos - e os formadores de opinião estavam do seu lado pra afirmar e reafirmar isso. Perdeu. Quem sempre perdia desta vez ganhou.

A prefeitura da maior cidade devolveria força para voltar a disputa que interessa. Deu certo, mesmo que todos soubessem que ser prefeito nunca foi um desejo. Empossado prefeito, nunca foi. Abandonou, entregue já às articulações para o alvo seguinte no caminho do planalto, o governo do estado, que também deu certo, mas também nunca foi, entregue já às articulações nunca abandonadas por nova disputa pela presidência.

Novamente no jogo, enfrentava agora... ninguém. Nem o perdedor de antes, nem um ganhador qualquer, mas alguém sem passado e sem futuro, como dizia e repetia, ecoado, como sempre, pelos formadores de opinião - que, seja dito, opinavam como nunca, mas já não formavam como sempre. Perdeu de novo. Dessa vez com gosto de último penalti batido pra fora e fim de campeonato. Se seu próprio time parece não ter nenhuma intenção de convocá-lo pro campeonato principal novamente não importa. Olhos esbugalhados diante da rampa do planalto. Meu precioso.

A isca para repetir o percurso foi oferecida com a disputa pela prefeitura da cidade que nunca quis. Isca pois a armadilha era clara: se ganhar não pode abandonar e fica fora do páreo na disputa interna pro único posto que interessa. Se perder..., nem em time da terceira divisão vai conseguir voltar a jogar.

Aceitou de novo concorrer ao que nunca quis ser, prefeito de São Paulo. Todo mundo sabe que ele não queria.

O mistério não está na trajetória do personagem, mas como (mesmo com os elevadíssimos índices de rejeição nas pesquisas) ainda há cidadão disposto a votar em quem não quer e nunca quis ser. Um voto que seja já é um mistério. Mesmo o próprio voto, pra quem não quer ser, deveria ir pra outro.

O candidato:


PS - As razões para os formadores de opinião continuarem alimentando uma farsa  - um candidato a prefeito que não quer ser prefeito e não dá a mínima pra cidade (e já deixou isso bastante claro) é uma reflexão que merece muito mais empenho do que a pobre ombusdman da Folha está disposta a dedicar, ainda entretida pelo jogo viciado da "pluralidade" de opiniões que o jornal - e só ele - acredita ter.

PS 2 - Pra ser justo com a Singer, na coluna do dia 07/10 ela pelo meno apontou a direção: uma redação formada por mauricinhos que não entende a periferia. Poderir ter continuado: não entende e quer que a periferia se dane. E pelo padrão de "erros" de seu instituto de pesquisa os mauricinhos da Folha contam com um grande instrumento pra transformar o preconceito contra os pobres em votos pros seus Serras preferidos.


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