Não importa. Tanto faz. Pouco adianta. Todas as lutas, as batalhas vencidas, o suor derramado em cada uma delas. Pra não dizer do sangue. Só não falo das lágrimas pra evitar cair de vez na cafonice do Winston - onde já estou meio atolado aqui. As derrotas, doídas, remoídas, mas, uma a uma, revertidas nas vitórias seguintes. Rumo ao gran finale, a vitória das vitórias, a batalha que define a guerra. Ou assim parecia. Não importa sua dedicação, sua confiança inabalável, a frieza nos momentos mais tensos, a precisão dos movimentos, a agilidade obtida nos anos de treinamento pesado. Tampouco fez diferença o tempo gasto lendo todas as versões de A Arte da Guerra, do Sun Tzu - comentadas por gente como o Nicolau Maquiavel, o Felipão, um executivo de vendas ou um participante dum reality show. Também não foi de grande ajuda estudar as partidas clássicas dos mestres do xadrez, o Kasparov, o Fisher, Karpov, Capablanca. O livro História das Guerras então, tava no lixo, devia ter ficado lá. Tempo que nunca mais volta. Os inimigos sim. Eles voltam. De nada serviu a criação de um complexo serviço de inteligência que prometia antever os movimentos inimigos. Na hora H, nenhum informante, cultivado ao custo de tantos agrados, informou coisa que preste. Aconteceu. Teria acontecido, mesmo se fosse tudo feito diferente.
Não se trata aqui de uma glorificação do conformismo. Uma recusa, a priori, da ação. Ninguém tá festejando a certeza da derrota, mas constatando, com alguma amargura, o que virá. Na tradição do pensamento cínico, que interpreta e tenta compreender, dispensando julgamentos morais. Ao final, do cinismo prevalece o apocalipse desesperançoso adorniano, rendido, impotente. Mas é isso. Não adianta. As formigas voltam. Pode limpar tudo direitinho, usar o mais caro produto de limpeza. Pode passar dias, meses, anos, arrastando móveis, procurando o local da infestação. Pode meter aquele veneno que promete milagres. Não adianta nada colocar o açúcar e doces em potinhos hermeticamente lacrados. Redução de danos, adiamento. Quando tudo parece placidamente resolvido, livre, elas voltam. Elas sempre voltam. Sossega. Pega lá uma latinha de cerveja. Bem gelada. Não perde tempo não.
Da série: Pensamentos em voz alta de um dono de casa.
Não se trata aqui de uma glorificação do conformismo. Uma recusa, a priori, da ação. Ninguém tá festejando a certeza da derrota, mas constatando, com alguma amargura, o que virá. Na tradição do pensamento cínico, que interpreta e tenta compreender, dispensando julgamentos morais. Ao final, do cinismo prevalece o apocalipse desesperançoso adorniano, rendido, impotente. Mas é isso. Não adianta. As formigas voltam. Pode limpar tudo direitinho, usar o mais caro produto de limpeza. Pode passar dias, meses, anos, arrastando móveis, procurando o local da infestação. Pode meter aquele veneno que promete milagres. Não adianta nada colocar o açúcar e doces em potinhos hermeticamente lacrados. Redução de danos, adiamento. Quando tudo parece placidamente resolvido, livre, elas voltam. Elas sempre voltam. Sossega. Pega lá uma latinha de cerveja. Bem gelada. Não perde tempo não.
Da série: Pensamentos em voz alta de um dono de casa.
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