É do aeroporto? Pergunta uma moça.
Não, respondo. Aqui é minha casa.
Ahh, queria ver uma passagem pro meu chefe, você por acaso não sabe o número do aeroporto aí? Tô noutra cidade, por favor.
(Obviamente numa época pré-internet)
Posso dar uma olhada na lista sim, sem problema (já reparando que a voz da moça era muito bonita).
Achado e passado o número, a conversa continuou animada. Papo vai, papo vem, entramos no tradicional momento da descrição pessoal, já antecipando um provável encontro, pois as cidades eram bem próximas.
Então ela começa.
Olha, sou loira, alta e tenho olhos verdes.
Cometo aí uma das minhas tradicionais grosserias, dessas que o pensamento só chega muito depois da fala.
Ahh tá, no telefone todo mundo é loiro, alto e tem olhos verdes ou azuis.
Sim, estupidez que a pouca idade poderia desculpar, não fosse esse um comportamento habitual ainda hoje, quase vinte anos depois. Estupidez muito maior pelo desdobramento previsível do diálogo.
Pois acredite se quiser (brava). E você bonitão (mais brava do que irônica)? Como você é?
Somente ali percebi o tamanho da besteira que tinha dito.
Putz, bom, na verdade eu sou loiro, alto, olhos verdes. Mas uso óculos viu.
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