Como fiz 40 esses dias, li com atenção o texto do Michel Laub na Folha sobre isso - ele tá fazendo 40. O texto é muito bom, na forma de aforismos, dos quais lembro de alguns que, não por acaso, acho que compartilho, como: Antecipar duas diversões da velhice: falar sozinho em casa e ser rabugento em público; Sentar cedo (ou nem tanto, no meu caso) em frente ao computador, procrastinar o trabalho até o limite da catatonia; Ser pontual e, portanto, um idiota.
Em alguns, lógico, não me vejo: Não achar que o pessimismo é moralmente superior ao otimismo (eu acho, acho, e acho de novo); Aceitar que entre os defeitos dos amigos podem estar a burrice e a falta de caráter - tento, juro, mas cada vez que abro o facebook e vejo aquele velho conhecido repassando (eles adoram repassar) uma capa da Veja ou algo do tipo "o Feliciano pode ter alguma razão blablabla" continuo, com uma puta vontade de mandar o sujeito praquela que o pariu, mas agora que uma amiga, que realmente usa o facebook, me mostrou como tirar essas pessoas do meu circuito de notícias - e sem mandar ninguém pra lá onde foi parido, fiz uma limpa, sobrou uns 10 (de um total de 39, com2 1 já na berlinda, só esperando uma escorregada pra ir pro meu limbo).
Em alguns, lógico, não me vejo: Não achar que o pessimismo é moralmente superior ao otimismo (eu acho, acho, e acho de novo); Aceitar que entre os defeitos dos amigos podem estar a burrice e a falta de caráter - tento, juro, mas cada vez que abro o facebook e vejo aquele velho conhecido repassando (eles adoram repassar) uma capa da Veja ou algo do tipo "o Feliciano pode ter alguma razão blablabla" continuo, com uma puta vontade de mandar o sujeito praquela que o pariu, mas agora que uma amiga, que realmente usa o facebook, me mostrou como tirar essas pessoas do meu circuito de notícias - e sem mandar ninguém pra lá onde foi parido, fiz uma limpa, sobrou uns 10 (de um total de 39, com
Um dos aforismos do Laub foi direto ao ponto: Ter um número razoável de parentes e amigos mortos. Resume bem, ter 40 é, pela primeira vez, ter certeza que que você está mais perto daquele lado, da morte, em oposição a aquela sensação de invulnerabilidade típica dos muito jovens. A morte, sua presença, não é mais - ou apenas - acidental, ela vai ficar ali, pertinho, hora ainda guardando uma distância segura, hora se aproximando bastante. Nada que me assuste muito, mas muda sim, em algum sentido, as percepções que até então eram sequer motivo de reflexão.
Aí você põe um terrorzão B (Stake Land) pra assistir e surge uma vovó simpática fugindo de vampiros zumbis (sim, vampiros zumbis, na dúvida entre qual entidade é mais popular hoje em dia, optaram no filme pela mescla num tipo único de criatura, se tiver continuação vão incluir os dragões de Guerra dos Tronos no mix).
Seguindo olhando pra dona ao longo do filme, você começa a descobrir sinais de reconhecimento, no olhar, na boca, no jeito de falar, peraí, humm, não é aquela? Daquele? Sim, é ela mesmo.
A Kelly Mcgillis, famosa no mundo todo pelo filme Top Gun, uma das inúmeras idiotices cometidas pelo Tony Scott. Mas, pelo menos por mim, lembrada mesmo por este filme do Peter Weir
A Testemunha, com o Harrison Ford, e ela, de amish. Não é o caso aqui destes antes/depois dos sites de celebridades, quando colocam a foto do Mel Gibson aos 20 anos no filme Mad Max ao lado de outra foto dele hoje, de preferência uma foto de flagrante de prisão embriagado, pra ficar naquela tolice do olha só, como tá acabado, barangô - parece até, falando em mundo de celebridades, que a Mcgillis saiu do armário recentemente, mas não é esse o ponto, sim ver aquela gata, que ainda ontem aparecia tirando parte da roupa, lentamente, antes do banho, mostrando o suficiente pra deixar tonto o Harrison Ford que espiava pela porta meio aberta - de repente, da noite pro dia (ou 30 anos), virada numa vovozinha.
Mas enfim, o negócio é que com os 40 as coisas mudam de patamar e começamos a ficar mais próximos da vovó Kelly Mcgillis do que da gatona Kelly Mcgillis dos 80 e o tal do cérebro, que normalmente já pega no tranco, demora pra notar esse novo patamar, se é que nota em algum momento. Dia desses uma moça do prédio veio falar algo comigo, simpática e incrivelmente bonita - e olha que estou em Florianópolis - e que, aliás, se parece com a foto acima da Kelly vestida de amish. Quando a moça diz tchau, vai embora, aquele inevitável olhar canalha, meio de canto de olho, notando a ida da moça até onde for possível. E então, aquela voz interior apela à razão, lembra que a moça deve ter uns 24, 25 no máximo, "seu velho babão, acorda, deixa de ser tiozão". Prefiro, contudo, a outra voz interior, a que assobia junto, pelo menos mentalmente, ignorando solenemente a verdade dos fatos, da moça ter só pedido uma informação pro "senhor" que mora no mesmo prédio, e ter sorrido numa simpática condescendência. Ou não?
Mas enfim, o negócio é que com os 40 as coisas mudam de patamar e começamos a ficar mais próximos da vovó Kelly Mcgillis do que da gatona Kelly Mcgillis dos 80 e o tal do cérebro, que normalmente já pega no tranco, demora pra notar esse novo patamar, se é que nota em algum momento. Dia desses uma moça do prédio veio falar algo comigo, simpática e incrivelmente bonita - e olha que estou em Florianópolis - e que, aliás, se parece com a foto acima da Kelly vestida de amish. Quando a moça diz tchau, vai embora, aquele inevitável olhar canalha, meio de canto de olho, notando a ida da moça até onde for possível. E então, aquela voz interior apela à razão, lembra que a moça deve ter uns 24, 25 no máximo, "seu velho babão, acorda, deixa de ser tiozão". Prefiro, contudo, a outra voz interior, a que assobia junto, pelo menos mentalmente, ignorando solenemente a verdade dos fatos, da moça ter só pedido uma informação pro "senhor" que mora no mesmo prédio, e ter sorrido numa simpática condescendência. Ou não?
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