terça-feira, 30 de abril de 2013

O dó

Pobre PT, tão maltratado pelo tal pig. Ahh se o partido ganhasse finalmente uma eleição presidencial pra mudar essa situação, atacar a imensa concentração da mídia em grandes grupos, que acabam filtrando a informação que chega pra grande parte da população conforme seus interesses (dos donos de tudo). Chegando ao governo federal, o partido poderia colocar em pratica as propostas todas de democratização dos meios de comunicação debatidas anos e anos, definidas nos diversos fóruns do partido. 

Pois é, já ganharam a eleição, e faz um tempinho. Tão lá há 10 anos e os relatórios mostram que quem mais ganhou dinheiro do governo na parte de comunicações nesse período foi... as Organizações Globo. Os petistas (os com cargo no executivo) não moveram um dedo pra mudar a coisa, mas moveram as duas mãos pra impedir qualquer mudança, como a proposta do Franklin Martins, resultado de debates no final do segundo governo Lula. Final do segundo governo, não início do primeiro, mesmo assim, aparentemente ja descartada. E tem gente que tem peninha ainda do pobre PT. Já tive também, confesso, mas acabou faz tempo. Leio O Globo e vejo o ministro das comunicações Paulo Bernardo, do PT, reclamando publicamente dos camaradas do seu partido que querem censurar a imprensa (com propostas de regulação da mídia que existem em quase todos os países democráticos). Que beleza, diria o filósofo e narrador esportivo Milton Leite. 

Agora o sempre chato Mercadante, o pedante, vai na Folha homenagear o "seu Frias", justamente quando evidencias e mais evidencias mostram a parceria do "seu Frias" com a pior repressão do regime militar. Parceria, nesse caso, significa ajudar os milicos nas operações de captura e prisão de militantes de esquerda, tortura e morte destas pessoas, na maioria jovens. Sei que o "seu Frias" tá longe de ser exceção, e tem muita gente que adora isso, ditadura, que hoje gostaria de continuar fazendo, prendendo e torturando os "comunistas" todos. - e vão acabar conseguindo fazer isso....com o PT. 

O texto do Marcadante é significativo pela clareza da subserviência, da admiração com o todo poderoso "seu Frias", ou "seu Marinho", "seu Mesquita", "seu Civita", "seu Sirotsky". As palavras são colocadas pra deixar claro um "sim senhor" sempre que ordens vierem (e não falo de ordens do PT). Não é nenhuma profecia, mas no dia seguinte a derrota nas eleições presidenciais, quando o PT virar caça de fato, não vão faltar petistas chorando pela perseguição, pelas prisões arbitrárias, pelas sentenças injustas no STF, como já vem sendo ensaiado no tal mensalão. Claro que o Bernardo não vai ser um desses petistas, vai ocupar um belo cargo em qualquer lugar, provavelmente em Curitiba. Já o Mercadante, mesmo ajoelhado, é tão chato que o Aécio/Campos/quem quer que seja não vai resistir, vai acabar chutando o cachorro morto.

PS - Recebo de algumas pessoas, infelizmente parentes, pelo facebook essa capa da Veja (sim, fazem isso ainda).


O incrível mesmo é o que falam junto com a imagem: "Todos são iguais perante a lei. Até mudarem a lei." Putz, deixa eu ler de novo. Então até hoje todo mundo era igual perante a lei? Melhor avisar os juizes, advogados, polícia, o Maluf, o Thor Batista - ops, tarde demais, o PT acabou com a igualdade. Malditos petralhas. 

É realmente incrível, mas nisso reside a esperança do PT de continuar no poder mesmo com a caça da grande mídia, esse povo antipetista é tão tosco, mas tão tosco, que até o Mercadante parece inteligente. Bom, não, na verdade não parece mesmo assim.

domingo, 28 de abril de 2013

Capitalismo à brasileira

Sim, parece coisa de classe média sofre (e é), mas realmente  não consigo entender como grandes empresas fazem todo esforço possível pra não vender seu produto. Nisso são fantásticas, deveriam dar palestras sobre o assunto naqueles eventos de autoajuda corporativos. Quase sempre quando o tema é a tal "competitividade Brasil", o assunto descamba pra problemas de infraestrutura, portos, aeroportos, estradas ou então impostos. Não vejo ninguém falando da absoluta incapacidade - e falo aqui de empresas de grande porte - de prestar um atendimento mínimo ao cliente e, olha só, entregar o que é vendido (quando o infeliz consegue fazer a bendita compra). Tem Procon, sites e jornalistas especializados em defesa do consumidor, mas o problema é anterior ao quiprocó decorrente dos problemas pós-compras.

Pra exemplificar, continuando na linha classe-média-sofre, comprei no fim do ano passado um leitor digital, o tal e-reader, na Livraria Cultura. Gostei do aparelho - nada substitui o livro de papel blablabla, mas pra quem viaja bastante, pra ler contos e descobrir autores novos o aparelho tem sido muito útil. Fácil de usar, bom pra ler, bateria que dura semanas....a propaganda termina aqui. Comprado o aparelho o cara tem que comprar os tais ebooks. Aí a porca torce o rabo.

É de se esperar que uma livraria saiba como vender livros. É de se esperar que quem trabalhe ali, na cúpula, pense nisso. Livros eletrônicos são vendidos pela internet - e, parece, não foi ontem ou antes de ontem que o comércio online tornou-se quase hegemônico. Tempo e conhecimento pra se preparar todo mundo já teve. Vai tentar achar um livro eletrônico nos sites das grandes livrarias pra ver. Claro que as porcarias da moda, os tons de cinza todos, tão lá, na capa do site, mas vai tentar achar livros de verdade. Na Cultura então, é mais rápido digitar o livro físico todo e mandar pro aparelho do que achar o bendito e-book no site da empresa. Ou ele aparece na capa ou nas seções principais, ou esquece. Mecanismos de busca mostram tudo, menos o livro buscado. Não dá pra procurar por seções, tipo editora, suspense, literatura argentina, quando oferecem esse tipo de busca raramente funciona. A empresa precisa vender livros (acho), mas faz esforço abaixo de zero para que os livros sejam vistos por quem os procura, uma lógica própria de capitalismo. Sei que os e-books assustam as livrarias e editoras, é muito mais fácil trocar ou oferecer gratuitamente os arquivos digitais - os piratas. No entanto, mundo afora os e-books tão ocupando terreno, pra lidar com a coisa aqui as empresas têm feito o que históricamente fazem, enfiando a cabeça num buraco esperando o inimigo passar. Demoram o máximo possível pra lidar com o assunto (tipo, dez anos), quando é impossível ignorar, lançam o produto com preço nas alturas "por causa da pirataria" e, como sempre tem acontecido, ficam lá na idade da pedra. Vem uma Apple ou uma Amazon da vida e créu. Dá-lhe choro sobre impostos, falta de hábito de leitura do brasileiro, pirataria....e o imbecil que só quer comprar o bendito livro, pode sentar, e esquecer.

Logo que comprei o aparelho até mandei um e-mail pra Cultura, na base de dar sugestões, colaborar, afinal tinham acabado de lançar, podia ser só um problema de adaptação. Sugeri melhorar os sistemas de busca, possibilitar vizualizar livros por editora, ao invés de somente colocar "livros estrangeiros" ou "livros nacionais", dividir em várias seções, clássicos, suspense, policial, literatura russa, francesa, coisas assim, ajudando não só quem quer comprar um livro específico, mas quem, como eu, gosta de passear pelas opções, mas com a chance de escolher ou filtrar a busca. É claro que não rolou. Quase meio ano depois tá tudo na mesma. 

Vi ontem no blog da Cosac Naify que tão colocando parte do catálogo em ebook na Cultura e na Saraiva. Na Saraiva também tem um monte de rolo pra baixar, tem que instalar um programa próprio da livraria no computador, cadastro, o livro só aparece ali....um monte de aporrinhação pra afastar o infeliz que quer comprar um livro. Na Cultura também tem que instalar o programa do Kobo, mas com o aparelho já cadastrado eu posso só comprar pelo computador e sincronizar o aparelho via wifi  - e já aparece o bendito livro no Kobo, pronto pra ler. Em tese tudo fácil, mas antes tenho que achar o livro no site da Cultura. Tentei, juro. Clicando no banner da Cosac não vai pra lugar nenhum, digitando o nome dos livros, como o Três Mortes, aparece um monte de coisa, menos o livro, clicando em lançamentos, nada dos livros da Cosac. Realmente, é tão perfeitamente feito pra não funcionar que, não tenho dúvidas, há uma técnica sofisticada nisso.

Não é de estranhar que sites amadores ofereçam livros digitais gratuitos e de forma muito bem organizada. Em poucos passos dá pra achar o livro ou uma área de interesse, como livros policiais, por exemplo, dá pra navegar ali, ler notícias relacionadas, procurar livros semelhantes, olha só, inventaram a roda. Esses sites lucram quase nada, pedem doações, fazem tudo no braço e na raça - e nas horas extras de quem tá lá. E conseguem. Enquanto isso as grandonas, que vivem disso (acho, já desconfiando), nada fazem, apenas trocam os banners dos livros da moda conforme o jabá das editoras - ahh, fazem sim, reclamam dos impostos, da pirataria, do calor, do frio...

PS - Um exemplo da falta de cuidado das livrarias com quem gosta de ler é a revista mensal distribuída pela Saraiva. Tem de tudo ali, em aproximadamente 100 páginas, menos qualquer coisa voltada pra quem realmente gosta de ler. Notícias de palestras e livros de autoajuda, propaganda dos bestsellers, mais propaganda dos bestsellers, anúncios de aparelhos eletrônicos, isso não falta. Porém, um artigo, uma coluna, um espaço nas páginas todas, só um, que aprofunde algo de literatura, jamais vai ter. Fica tudo restrito às notinhas sem conteúdo, misto de notícia e propaganda, dessas que contaminam os jornais com as "notícias pra quem não tem tempo de ler notícias" (ou ler qualquer coisa), agora na versão "revista de livraria pra quem não gosta de literatura". 

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Revolução, só amanhã. Obrigado


Legal novas formas de protesto, chamar a atenção pras causas e a opressão dos povos, a juventude se expressando e agindo politicamente e tal. Mas tem umas coisas meio estranhas nisso tudo, jeito mais de autopromoção do que preocupação genuína com os oprimidos do planeta (a la front man de megabanda de rock). Temos, por exemplo, as escandinavas (já globalizadas) do FEMEN, tirando diariamente suas blusas por aí. Nada contra, que continuem, muito melhor do que a apatia pura e simples. Mas, no campo chato da política, esse de verificar o impacto dos protestos na ação ou ações que desencadeiam em comparação ao que pretendem,  a medida do sucesso das moças pode ser dada na cara do Vladimir Putin, posto diante de uma das militantes de topless que chamava-o de ditador num cartaz (sim, parece que tinha um cartaz nos braços dela). 

Percebe-se claramente seu pavor, medo, angustia e intensa reflexão com o cartaz acusatório. Repare o olhar fixo de Putin nas duras palavras que a moça segura acima da cabeça. Deve estar cogitando pra breve sua renúncia. 


sábado, 6 de abril de 2013

Cumé?

Gosto muito de shows de rock, mas não tô com grana - nem muita paciência no momento - pra esses festivais todos. O Lollapalooza, mesmo dentro do quadro extorsivo da coisa, pelo menos tem boa programação de rock, até pensaria em ir. Como não tenho TV a cabo, não vi nem o multishow - e, depois das merdas todas que vi quando tentei assistir uma cobertura do canal de um festival desses é bem pouco provável que assistiria qualquer coisa ali. 

Eis que lendo o blog do Barcinski me deparo com a frase dita por um dos apresentadores deste Lollapalooza: 

"Jimmy Page e Eric Clapton devem ter ‘inveja branca’ de Dan Auerbach (do Black Keys)". 

Repito

"Jimmy Page e Eric Clapton devem ter ‘inveja branca’ de Dan Auerbach (do Black Keys)". 

Como disse o Barcinski, o coitado do Auerbach ficaria com muita vergonha de soubesse dessa comparação feita na TV. Depois do inigualável "repórter de campo", nossa invenção (ou aperfeiçoamento, ao menos) pra desaguar o besteirol durante um jogo de futebol, aplicamos agora o conceito "repórter de campo" aos festivais. Os caras não sabem onde estão, não têm absolutamente nada pra dizer e, contudo, tão ali pra falar. E falam. Sim, eu sei, cobertura ao vivo deve ser foda, confusão, correria, gente berrando, o diretor grita no fone duma hora pra outra vai que é tua e o cara tem que falar...mas custava botar alguém ali que tenha noção da coisa? Ou então...fica quieto, não põe ninguém e deixa a porra da banda fazer o show.

Tava até escutando um disco do Black Keys esses dias, el camino, legal, beleza. Aí o repórter de campo solta isso: (de novo, eu sei, técnica de tortura)

"Jimmy Page e Eric Clapton devem ter ‘inveja branca’ de Dan Auerbach (do Black Keys)". 

Só pode ser um plano pra destruir a banda. Ser for isso é brilhante. Mas desconfio que é só mais um "repórter de campo". 

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Ideologias

Seriado na Netflix, no som original, em inglês, o personagem diz: homeless, na tradução literal, sem casa, próximo do nosso sem teto, a tradução mais precisa. Nada muito complicado, pois sem teto é de uso corriqueiro em português. Contudo, a legenda informa: vagabundo.


Nada nada, ajuda a justificar as barbáries de todo dia contra quem tá na pior. E não era um filme do Chaplin.